quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

PENSAMENTO PEDAGÓGICO ROMANO.

O PENSAMENTO PEDAGÓGICO ROMANO E AS IDÉIAS DOS TEÓRICOS MARCO FABIO QUINTILIANO E MARCO TULIO CICERO.

JOSIANE DA COSTA DOS SANTOS


RESUMO

Este artigo foi baseado numa pesquisa bibliográfica e apresenta as idéias dos teóricos Marco Fábio Quintiliano e Marco Tulio Cicero. Em Roma, o ideal educacional estava orientado para a integração do indivíduo à vida social, daí por que se valorizavam tanto as virtudes cívicas, desprezando-se as manifestações da individualidade. Nas escolas romanas podiam-se distinguir três níveis de ensino: a escola do literato, a escola do gramático e a escola do retórico. Na escola do literato, a criança aprendia as noções básicas de leitura, escrita e aritmética; na do gramático, aprofundava os seus estudos no idioma para que no futuro pudesse aplicá-lo na vida prática; e na do retórico, era preparada para tornar-se orador e exercer a atividade pública. Essa era, sem dúvida, a meta da educação romana. Roma tornou-se a cidade do orador. Segundo Cotrim, Parisi (1982:138): “De tal maneira os romanos desenvolveram esta arte (oratória), que havia oradores capazes de falar sobre tudo, não importava o conteúdo a ser tratado. Tinham pleno domínio sobre a forma de dizer as coisas e produziam com isso frases belas, cativantes e agradáveis.Um dos maiores pedagogos romanos foi Marcos Fábio Quintiliano, o qual desenvolveu extraordinário papel junto à educação romana, com uma experiência de 20 anos no magistério.



PALAVRAS-CHAVES:  Educação, Pensamentos, Contribuição.




INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo geral sintetizar as ideais dos teoricos na História da Educação e tem como objetivo especifico sintetizar e observar a contruibuição das ideias dos teóricos Marco Fabio Quintiliano e Marco Tulio Cicero para a Educação atual.  Durante muito tempo, os filósofos e educadores refletiram sobre a educação, deixando como resultado para a humanidade um legado de inestimável valor. E os educadores de hoje, em suas reflexões permanentes, não podem desconhecer esse legado. Com efeito, todos eles, cada um a seu tempo, deram a sua contribuição de vida efêmera ou duradoura, porém todas, de alguma forma, indispensáveis para o avanço do sistema educacional.
Não há nenhuma dúvida, todo pensamento reflete a situação de cada época, da mesma forma que o pensamento atual reflete o que se passa no presente. E sendo assim, na incessante busca da verdade ninguém pode prescindir da reflexão do passado, como também, mais tarde não poderá abstrair da reflexão feita agora. Quem opta pela educação, como exercício profissional, não deve ignorar, sob pretexto algum, o passado, pois isso certamente trará como consequência, uma aberração da verdade. E, como se sabe, procurar a verdade onde quer que ela esteja é exigência básica para alguém tornar-se educador.


REFERENCIAL TEÓRICO

A Educação é a prática mais humana, considerando-se a profundidade e a amplitude de sua influência na existência dos homens.  O trabalho desenvolvido por Moacir Gadotti no seu livro “história das Ideias Pedagógicas” oferecem os elementos básicos para que compreendamos melhor nossa prática educativa e possamos transformá-la. Evidencia o fato de não podermos nos omitir diante dos problemas atuais. E mais: oferecem recursos para que os enfrentemos com rigor, lucidez e firmeza.
 Este mostra uma síntese consistente dos pensadores da História da Educação e nos faz refletir sobre a importância destes para a humanidade. O estudo da teoria educacional nos convida à ação individual e coletiva. Além das leituras, instrumentos fundamentais para a aquisição de um vocabulário básico, a pergunta, a indagação, o diálogo, o debate e a discussão organizada constituem a base do ato de pensar.
Esta pesquisa que resultou pela longa experiência de Moacir Gadoti com professor de história e de filosofia da educação teve início em 1971. As ideias foram apresentadas em ordem cronológica, histórica e demonstrou o quanto a evolução da educação está ligada á evolução da própria sociedade.
A finalidade do livro é ordenar e sistematizar a história das ideias pedagógicas, da Antiguidade a nossos dias, e mostrar as perspectivas para o futuro. Meu artigo teve como foco fundamental o Pensamento Pedagógico Romano e as ideias dos pensadores Marco Fabio Quintiliano e Marco Tulio Cicero. Quintiliano eraescritor, retórico latino, advogado e professor, nos seusdois primeiros livros ele trata a educação fundamental e como se organizava a vida na Roma de seu tempo. Recomendava que se ensinassem simultaneamente os nomes das letras e a sua forma. É contrário aos castigos físicos. Recomenda a emulação como incentivo para o estudo e sugere que o tempo escolar seja periodicamente interrompido por recreios, já que o descanso é, em sua opinião, favorável à aprendizagem. O teórico Marco Tulio Cicero era um escritor talentoso e energético, com um interesse numa grande variedade de tópicos de acordo as tradições filosóficas e helenísticas nas quais ele tinha sido treinado. A qualidade e acessibilidade de textos dele favoreceram grande distribuição e inclusão nos currículos escolares. Os seus trabalhos estão entre os mais influenciais na cultura Europeia, e ainda hoje constituem um dos corpos mais importantes de material primário para a escrita e revisão da história romana.



METODOLOGIA
A proposta deste artigo veio depois de criarmos um blog durante a disciplina História da Pedagogia do curso de Pedagogia. Cada estudante teve a oportunidade de escolher os teoricos e buscar informações sobre eles, como sua vida, suas obras e suas idéias. Nós Visitamos a biblioteca, onde fizemos leitura e pesquisas sobre os diversos Pensamentos Pedagógicos e posteriormente coletamos mais informações sobre os teóricos na internet.








DESENVOLVIMENTO


O PENSAMENTO PEDAGÓGICO ROMANO
Roma e na Grécia, são sociedades escravistas, onde o trabalho manual não é valorizado, e o trabalho intelectual é considerado trabalho da aristocracia, que consiste numa pequena parcela da sociedade, os cidadãos livres.
Seus estudos eram na maioria das vezes humanistas, o que caracteriza o homem em todos os tempos e lugares. Este estudo era dado na escola do "gramático", que seguia algumas fases; ditado de fragmento do texto, memorização deste, tradução da prosa em verso, expressão da mesma idéia em diversas construções, análise das palavras e frases e composição literária. Assim se instruía a elite romana.
Para os escravos não era permitido o direito de estudar, eram tratados como objetos, aprendiam a fazer arte nas casas onde serviam.
A sociedade romana era composta de grandes proprietários, os patrícios e os plebeus, pequenos proprietários, que eram excluídos do poder, do direito ao voto. Na época áurea do Império, a educação estava dividida em três graus: Escolas do ludi-magister ministravam a educação elementar; Escolas do gramático: correspondia ao que hoje se conhece por ensino secundário; Estabelecimentos de ensino superior: era uma espécie de universidade, onde se ensinava à retórica, o Direito e a Filosofia.
Os romanos impuseram o latim a numerosas províncias, conquistaram a Grécia, que transmitiu a filosofia da educação aos romanos.
A filosofia era pouco difundida entre os romanos, e a pedagogia quando existe é voltada para questões práticas.
Um nobre romano deveria aprender coisas sobre a agricultura, a guerra e a política. Aos poucos a classe aristocrática cede lugar a pequenos comerciantes, artesãos e para uma pequena classe de burocratas.
O Império sentiu a necessidade de escolas que preparasse administradores, já que para a guerra não havia necessidade de escola, os quartéis ou a própria guerra resolviam o problema. O Estado se ocupa diretamente da educação, treinando supervisores-professores cujo regimento se parecia com os militares.
A educação romana era utilitária e moralista, organizada pela disciplina e justiça. Dessa forma os romanos conquistaram um grande Império, fazendo escravos os povos por eles vencidos.





Marco Fabio Quintiliano
Quintiliano nasceu em Calahorra no ano de 35 e faleceu em Roma no ano 96. Foi professor de retórica, filósofo conceituado e advogado. Recebeu toda a sua educação em Roma, onde mais tarde abriu uma escola de Retórica. Foi o primeiro professor a ser pago pelo Estado. Um de seus alunos foi o orador romano Plinio, o jovem. Depois de exercer por vinte anos como advogado e professor, retirou-se para escrever. Ficou famoso pelo Institutio Oratoria (c. 95 d.C.), grande obra redigida em 12 volumes.Esta foi a única obra que chegou até aos nossos dias, uma obra que primou, sobretudo por ter sistematizado e compactado a tradição retórica até então conhecida. Esta concepção privilegia por um lado a eloqüência e a ornamentação do discurso belo, a atitude moral e ética do bom orador. A retórica define-se então como a ciência que apreende em si as qualidades do discurso quer as do orador. Nesta acepção, Quintiliano identifica três conceitos chave: arte, artífice e obra. A arte deve ser entendida como a disciplina do falar bem. O artífice é o orador que precisa saber falar bem e de ser um humano que presa a ética. A obra é o que é realizado pelo artífice: um discurso direcionado para o público alvo. A obra de Quintiliano compreendeu ainda a reflexão sobre as relações entre a retórica, filosofia, cultura e a ética. Por centrar parte da sua reflexão no estudo das características que o orador tem de desenvolver e manter para ser um homem de bem, "InstitutioOratoria" é também considerado como um dos primeiros tratados sobre pedagogia. Neste precioso trabalho, Quintiliano debruçou-se também no estabelecimento de diretrizes para a formação do povo romano desde a sua infância.





Marco Tulio Cicero
Cícero foi o melhor representante do ensino humanista, uma espécie de educação de carácter universal, humanística, supernacional. O  seu ideal educativo teria um sentido cosmopolita, universal.De família de ordem equestre, nasceu em Arpino e viveu no período republicano. Estudou em Atenas e Rodes e teve uma carreira política brilhante em que foi questor, edil e cônsul. Neste último cargo, destacou-se por se opor a Catilina que queria derrubar o governo e saquear Roma, e por aconselhar o senado a votar pela morte do conjurado foi apelidado de “Pai da Pátria”. A sua honestidade era reconhecida nesta época em que as províncias eram pilhadas e saqueadas. Foi decapitado em Fórmias.Como escritor, Cícero é a suprema expressão do génio latino influenciado pelo génio grego. Os seus tratados filosóficos, ao mesmo tempo que monumentos históricos, são modelos de eloquência. Como escritor produziu muito e entre as suas numerosas obras contam-se, entre outras,  Pro Quinctio, Pro Sexto Roscio Amerino, Pro Tullio, Verrinas, In Catilinam, In M. Antonium orationum Philippicarum,  De Inventione, De Oratore, Partitiones oratoriae, Brutus, Orator,  De republica, De Legibus, Paradoxa Stoicorum, Academia, De finibus bonorum et malorum, Tusculanae Disputationes, De natura deorum, De senectude, De amicitia, De officiis.Nesta última obra, escrita em 44 e endereçada a seu filho Marcus, Cícero traça um programa de estudos e um ideal de vida que gostaria de o ver realizar.O tratado está dividido em três partes. A primeira trata do homem, a segunda do útil e a terceira examina as relações e conflitos entre o honesto e o útil. Cícero exorta o filho a estudar Grego, Latim, Filosofia e Oratória e assinala a sua supremacia no campo da Oratória mostrando que cultivou, como nenhum grego, ao mesmo tempo, a Oratória e a Filosofia. Num capítulo seguinte, propõe os deveres como tema a ser analisado, e enfatiza a sua honestidade, princípio que procurou sempre alcançar nas suas ações. Posteriormente, investiga se todos os deveres são perfeitos, se a honestidade é um fato e se a utilidade não se opõe à honestidade. Finalmente, mostra o homem como ser racional dotado de instinto gregário e sedento de verdade.
*Obras
Cícero foi declarado um pagão justo pela Igreja católica, e por essa razão muitos dos seus trabalhos foram preservados. Santo Agostinho e outros citavam os seus trabalhos "De re publica" (Da República) e "De Legibus" (Das Leis), devido a essas citações é que se podem recriar diversos de seus trabalhos usando os fragmentos que restam. Cícero também articulou um conceito abstrato de direitos, baseado em lei antiga e costume. Dos livros de Cícero, seis sobre retórica sobreviveram, assim como partes de oito livros sobre filosofia. Dos seus discursos, oitenta e oito foram registados, mas apenas cinquenta e oito sobreviveram.Seu livro De Natura Deorum, que discute teologia, foi considerado, por Voltaire, possivelmente o melhor livro de toda a Antiguidade.






Conclusão
Neste artigo pude concluir que as ideias do Teóricos Marco Fabio Quintiliano e Marco Tulio Cicero apesar de antigas, podem ser muito atual,  podendo ser usadas no dia a dia no exercicio da profissão.
*Logo abaixo descrevo alguns pensamentos e recomendações de Quintiliano:
"Penso que não se deve negligenciar o que é bom se for inato, mas aumentar e acrescer o que lhe falta." (Vol.IIcap.8) 
Quintiliano opõe-se à preceptoria particular e considera que a criança deverá começar a frequentar a escola o mais cedo possível.
De acordo com Quintiliano, o Mestre deverá ser um homem de carácter e de ciência, na medida em que as suas atitudes e conduta influenciarão de forma determinante o desenvolvimento do aluno.
Quintiliano alerta para a necessidade de se identificarem os talentos nas crianças e coloca a problemática das diferenças individuais (no que se refere às capacidades e ao carácter) e das formas de procedimento a adoptar perante elas. 
"Trazido o menino para o perito na arte de ensinar, este logo perceberá a sua inteligência e o seu carácter." (Vol.I  cap.3)   
O Mestre deverá como tal mostrar-se atento à natureza individual de cada aluno, respeitando-a e dela fazendo depender o tipo e grau de complexidade das tarefas que lhe são apresentadas. 
"A variedade de espíritos não é menor que a dos corpos." (Vol.IIcap.8) 
"Logo que tiver feito essas considerações, o Mestre deverá perceber de que modo deverá ser tratado o espírito do aluno." (Vol.I  cap.3)   
Sugere que os alunos sejam distribuídos por classis (classes) logo a partir da escola primária, animadas por concursos, dado o pendor das crianças para o jogo. 
"O gosto pelo jogo entre as crianças, não me chocaria, é este um sinal de vivacidade e nem poderia esperar que uma criança triste e sempre abatida mostre espírito ativo para o estudo. Há pois para aguçar a inteligência das crianças, alguns jogos que não são inúteis, desde que se rivalizem a propor, alternadamente, pequenos problemas de toda a espécie." (Vol.I  cap.3)   
Refere ainda a importância do aproveitamento da memória do aluno como peça chave do processo educativo. 
"Nas crianças, a memória é o principal índice de inteligência, que se revela por duas qualidades: aprender facilmente e guardar com fidelidade." (Vol.I  cap.3)
 A educação deverá assim contribuir para o desenvolvimento das disposições naturais de cada aluno, sendo a natureza, para Quintiliano, sinónimo de “homem não educado”. 
"....dirigir a instrução de maneira a ajudar, através dela, o desenvolvimento das disposições naturais e a favorecer, principalmente, a tendência inata dos espíritos." (Vol.II  cap.8) 
No que concerne à disciplina, Quintiliano mostra-se contrário ao uso abusivo da férula, por considerar que a coerção física é não só degradante como também ineficaz. 
"...gostaria pouco que as crianças fossem castigadas......Primeiramente porque é baixo e servil e certamente uma injúria........Além do mais porque se alguém tem um sentimento tão liberal que não se corrija com uma repressão, também resistirá ás pancadas como o mais vil dos escravos." (Vol.I  cap.3) 
Recomenda a emulação e sobretudo o bom exemplo como incentivos para o estudo e sugere que o tempo que lhe é reservado seja periodicamente interrompido por recreios, já que o descanso é, na sua opinião, favorável à aprendizagem.
"A todos, entretanto, deve-se dar primeiro um descanso, porque não há ninguém que possa suportar um trabalho contínuo. É por isso que aqueles cujas forças são renovadas e estão bem dispostos têm mais vigor e um espírito mais ardente para aprender..." (Vol.I  cap.3)  
Outra inovação proposta por Quintiliano é a instrução simultânea de diversos conteúdos. Assim a escola de gramática deveria familiarizar o aluno com toda a literatura, e a escola de retórica, de modo idêntico, deveria conferir-lhe conhecimentos de música, de aritmética, de geometria e de filosofia.
Quintiliano enumera as qualidades de um bom orador da seguinte forma: conhecimento das coisas (adquirido por meio do domínio da literatura), bom vocabulário e habilidade para efectuar uma escolha criteriosa das palavras, conhecimento das emoções humanas e o poder de as despertar, elegância nos modos, conhecimento da história e das leis, boa dicção, e boa memória. Não obstante, Quintiliano sustenta que um bom orador, terá que ser necessariamente um bom homem.
"...não é suficiente falar apenas com concisão, subtileza ou veemência... na verdade a eloquência é com a cítara: não será perfeita a não ser que todas as cordas estejam bem afinadas, desde a mais alta até à mais alta." (Vol.II  cap.8)  
Cícero foi um dos idealizadores do Direito Romano. Na sua obra Dos Deveres, Cícero diz que “nada em nossa vida escapa dos deveres” deveres para ele, seriam amizade, justiça, caridade, honestidade, verdade, temperança. Ele diz: “Nesse amor à verdade encontramos certa aspiração de independência, fazendo o homem bem nascido não desejar depender de ninguém”. Para finalizar deixo-vos uma sábia frase deste pensador:

“Não basta adquirir sabedoria; é preciso, além disso, saber utilizá-la.”









Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Quintiliano
http://pensador.uol.com.br/autor/marco_tulio_cicero/biografia/

http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_b_Cicero.htm

GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 1995. p.44-46)





2 comentários:

  1. Gostei muito da leitura me ajudou bastante

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  2. O texto mostra a importância do teórico Quintiliano, para o pensamento pedagógico romano e até o moderno. Os conceitos elencados aqui, valorizam o professor e sensibilidade que deve ter com seus estudantes. Parabéns pelo texto.

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